As cores são uma parte integrante do nosso trabalho de design e de fabrico de móveis por medida.

Ontem, aqui na empresa, estivemos a trocar ideias sobre um estudo da Univesidade da Georgia, nos EUA, que estudou a relação entre a cor e a emoção humana.

Na ciência em geral, existe um reconhecimento da existência duma relação de causa e efeito entre as cores e as emoções humanas. Mas, também a percepção que esse efeito tem condicionantes culturais, ao nível da própria sociedade, e individuais, decorrentes das experiência particulares de cada um.

Ora, depois de ler o estudo mais do que uma vez, decidi tomar nota das conclusões do estudo, mas com a ideia fixa que essas conclusões são apenas um ponto de partida. A maioria dos estudos realizados, incluindo o estudo que estivemos a analisar, são demasiado redutores.

As cores são apresentadas como estímulos visuais simples aos participantes no estudo, mas esse estímulo unidirecional não capta a complexidade da vida. Quando abrimos os olhos e nos emocionamos, nesta geometria tridimensional e colorida que habitamos, não temos essa relação unidimensional com as cores, dado que o verde nunca, ou quase nunca, é apenas verde, mas o verde das folhas, flores, relva, legumes, jogo de ténis, corrida de cavalos, Sporting Clube de Portugal, o azul não é apenas azul, mas o azul da água do mar, céu, planeta Terra, desportos aquáticos, mulher de biquini vermelho junto ao mar azul, Futebol Clube do Porto e o vermelho não é apenas vermelho, é um carro desportivo, uma mulher fatal, malagueta picante, frutos vermelho, Sport Lisboa e Benfica e o vermeho de tantas coisas mais.

Por isso, quando estudamos o impacto das cores nas emoções humanas, não podemos ignorar toda a coreografia simbólica planeada para um espaço concreto, que contextualiza a escolha duma determinada cor. O vermelho dum objeto num determinado espaço concreto não é o mesmo vermelho doutro objeto noutro espaço diferente. E o efeito emocional pode ser muito diferente. É vermelho, mas não é o mesmo vermelho.

Também seria enriquecedor para qualquer projeto de arquitetura de interiores, a inclusão dum estudo das respostas emocionais e associações simbólicas dos futuros beneficiários desse projeto relativamente a todas as cores. Podia ser um input de informação muito útil para personalizar o projeto de arquitetura de interiores.

O nosso trabalho de design e fabrico de móveis tem que ser integrado nesse projeto de arquitetura de interiores e as cores usadas nos móveis que desenhamos e fabricamos não podem ser mais do que uma peça do puzzle maior. Compete-nos compreender o projeto de arquitetura e especialmente o nosso contributo para a execução do mesmo, incluindo o efeito pretendido para as cores usadas nos móveis que desenhamos e fabricamos.

As conclusões do estudo sobre a causa e efeito entre as cores e a emoções humanas é o seguinte:

O vermelho, o amarelo, o verde, o azul e o lilás causaram cerca de 80% de respostas emocionais positivas.
Inversamente, o branco, o cinzento e o preto causaram 68,4% de respostas emocionais negativas.

O verde obteve 95,9% de respostas emocionais positvas, incluindo sensações de relexamente, calma, alegria, conforto, paz, esperança e excitação. E foi associado a ideias de natureza e árvores.

O amarelo causou sensações de alegria, excitação. E foi associado a ideias de sol, flores a florescer e Verão.

O azul causou 79,6% de respostas emocionais positivas, incluindo sensações de relaxamento, calma, alegria, conforto, paz e esperança. Algumas emoções negativas associadas ao azul foram tristeza, depressão e solidão.

O vermelho teve 64,3% de respostas emocionais positivas e associado a ideias de amor e de romance. Algumas associações negativas foram guerras, sangue, Satanás e maldade.

O branco foi associado a ideias de inocência, paz, esperança, pureza, simplicidade e limpeza. Noivas, neve e algodão. Algumas associações negativas foram vazio, solidão e aborrecimento.

O preto teve as seguintes associações negativas: tristeza, depressão, medo, irritação, morte, luto, tragédia e noite.

O cinzento obteve 89,9% de respostas emocionais negativas com associações a ideias de tristeza, depressão, confusão, cansaço, irritação, medo, mau tempo, chuva e tempo nublado.